DVD
UOL: "Depois da estréia no cinema, "Harry Potter e a Ordem da Fênix" chega ao Brasil em DVD: a Warner (distribuidora do filme) anunciou a data de lançamento para 14 de novembro."
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Potterices 3
[Continuação de
Potterices e
Potterices 2.]
No mundo mágico criado por J. K. Rowling a
imprensa existe: há pelo menos um jornal diário entregue todas as manhãs por corujas, uma estação de rádio e seis revistas.
Durante o mandato do ex-Ministro da Magia Cornelius Oswaldo Fudge, quando Harry testemunhou a reaparição do Lorde das Trevas que quase todos os bruxos médios [equivalentes ao Homer Simpson, conf. William Bonner] supunham mortinho da silva, a estratégia oficial do Ministério foi negar, negar e usar o "Profeta Diário" para minar a credibilidade de Harry e de Dumbledore. O método utilizado variava entre a ridicularização sutil e a calúnia. A justificativa de Fudge? Ele dizia que o retorno de Voldemort não seria possível e que dizer o contrário à população provocaria uma desestabilização do sistema e da ordem. Assim, ele pretendia neutralizar a influência de Harry e Dumbledore sobre a opinião pública através da desmoralização de ambos.
Quando o retorno de Voldemort finalmente não pôde mais ser ignorado pelas autoridades e pela mídia, Fudge caiu - quase no estilo britânico de derrubar políticos envolvidos por escândalos [na vida real eles caem quando o escândalo é de natureza sequissual]. Imagine Harry Potter no Brasil, nonde os casos de corrupção mais cabeludos aparecem feito Gremlins e basta ao político jurar que não sabia, que foi traído e tá tudo limpo? Não rola.
O sucessor de Fudge, Rufus Scrimgeour, tentou outra tática para manter o Ministério da Magia no papel de autoridade máxima do mundo mágico: usar Harry para dar a impressão à imprensa de que Harry apoiava as ações do Ministro, pedindo que se deixasse ser visto entrando no Ministério de vez em quando. No mundo real também vemos isso acontecer todos os dias, quando "formadores de opinião", artistas e famosidades saem nos meios de comunicação ao lado de políticos declarando seu apoio às ações deles. No meu dicionário isso aparece no verbete "manipulação de massas".
Mas a coisa ficou realmente feia quando Voldemort passou a controlar o Ministério da Magia, infiltrando seus Comensais da Morte em cargos-chave; alguns ocupantes de altos cargos foram enfeitiçados com o Feitiço Imperius [v. poste anterior] e outros ainda puderam liberar seu verdadeiro [mau] caráter, como a vaca da Dolores Umbridge. Enquanto era Alta Inquisidora da escola de Hogwarts ela puniu a insistência de Harry afirmar que Você-Sabe-Quem retornara e proibiu alunos e professores de lerem a revista Quibbler quando ele deu uma entrevista contando seu lado da história. De novo, Umbridge demonstrou desconhecer os princípios básicos do comportamento humano e adolescente em especial: quanto mais rígida é a censura, maior o desejo pelo proibido e mais criativas as formas de burlar as regras. Cicarelli que o diga.
Nos domínios de Voldemort, a vaca da Umbridge era apenas uma burocrata que espionava os funcionários, mas o Ministério ocupado controlava os meios de comunicação como bom regime fascista e totalitarista que era. E assim como burlaram a censura dela em Hogwarts, desta vez também houve resistência contra a mídia comprada [ou seqüestrada, conforme o caso]: uma estação de rádio pirata mantinha os partidários de Harry informados e unidos.
Desqualificação dos inimigos, censura, manipulação da opinião pública, implicação de um "inimigo comum" [que pode ser a inflação, o desemprego, os terroristas, os imigrantes, o mercado...], tudo junto numa panela só me lembra muito a propaganda de
Goebbels. Tia Jo começou a escrever Harry Potter quando o movimento neonazista voltava a ganhar força na Europa, no meio dos jovens de baixa educação que competiam com os imigrantes pelos empregos que não exigiam qualificação, e continuou a série durante o período pós-11 de setembro. Parte da mídia inglesa se esforçava para justificar a adesão incondicional do primeiro-ministro Tony Blair à caçada empreendida por George W. Bush. É, tia Jo, eu também tenho medo disso tudo.
Para poste futuro estou sem idéias no momento.
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2 x 1
Contém spoilers, clique por sua conta e risco: opiniões divergentes sobre o livro final da série Harry Potter.
Cora Rónai: "Para muita gente, o retumbante sucesso desses sete livros é inexplicável. Tenho amigos que tentaram ler o primeiro volume sem qualquer preconceito -- na época, Harry Potter era apenas um best-seller, não um case de marketing -- e não conseguiram passar da página 20. Sim, claro, a prosa da autora é banal; e claro, claro, nem tudo tem uma lógica perfeita na história. Mas quem teve a sorte de ser fisgado pela magia de Hogwarths não se deixou abater por esses detalhes; o que J. K. Rowlings oferece compensa, de sobra, o que eventualmente lhe falta."
EntreLivros: "Em março de 1940, na 'meia-noite do século' que marcou a profundidade do pacto entre Hitler e Stálin (ou, em outras palavras, um tempo no qual a civilização estava ameaçada pela aliança entre dois Voldemortes, ou 'Você-sabe-quem'), George Orwell reservou um tempo para examinar o estado de coisas da ficção de fantasia para jovens. E o que ele encontrou (em um ensaio chamado “Boys’ Weeklies”) foi um extraordinário nível de adição à forma de história que era apresentada nas escolas inglesas."
Nem precisa mais da série de postes Potterices depois deles.
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Hufflepuff! Humpf!
The sorting hat says that I belong in Hufflepuff!
 | Said Hufflepuff, "I'll teach the lot, and treat them just the same."
Hufflepuff students are friendly, fair-minded, modest, and hard-working. A well-known member was Cedric Digory, who represented Hogwarts in the most recent Triwizard Tournament.
|
Take the most scientific Harry Potter
Quiz ever created.
Get Sorted Now!
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Spoilers familiares (porém o post não contém Spoiler)
Aliás... palavra bem bunitinha essa. Spoiler. Aprendi nesses últimos meses, desesperada que estava atrás de um genérico pra não ter que agüentar a espera do meu exemplar traduzido em novembro.
Gente... a coisa aqui em casa é complicada. Fui a primeira da família a começar a ler Harry Potter, e isso depois de um ano com o livro aqui em casa (meu cunhado deu para a minha filha, mas sei lá por que eu tinha birra). Enfim... peguei, li, comprei o segundo, depois o terceiro, depois o quarto que estava acabando de sair. E passei para mamãe e maridão lerem também. A partir daí, as leituras sempre seguiram essa ordem: eu primeiro, porque é claro que eu viciei todo mundo em HP, então nada mais lógico que eu leia antes. Depois a mamãe, que lê bem rapidinho, e por fim o maridão. Quando estava pra sair o Príncipe Mestiço, a minha mais velha começou e foi emendando um livro no outro e por fim chegou à leitura do sexto livro antes ainda de eu passar para a minha mãe e o Vagner, que nessa altura estava atrapalhado, não conseguiu ainda ler.
Bem... aí saiu o sétimo livro e é claro que eu peguei a tradução genérica mais fuleira, depois a genérica melhorzinha pra entender o que não tinha entendido da primeira genérica e, enfim, o caso é que até agora eu sou a ÚNICA da minha família que já sabe como o livro acaba e ainda não posso comentar com ninguém!!! Que castigo!!!! Tenho que me segurar à força para não estragar a surpresa. Enfim, como válvula de escape, eis que o Orkut me socorre e, sempre que quero comentar alguma coisa, vou lá. Ainda mais agora que finalmente temos dois computadores no espaço exíguo de nosso quarto.
Mas enfim... contei tudo isso aí em cima só para ilustrar a cena patética que se deu há alguns dias. Eu estava tranqüilamente no meu computador postando em um tópico com altos spoilers quando de repente percebo maridão esticar o olho para xeretar o que eu estava escrevendo. No reflexo para cobrir a tela, quase que ele leva um tapa no nariz, tadinho...
É. Realmente é fogo controlar spoilers dentro de minha própria casa...
Potterices 2
Lord Voldemort, o vilão da série, é temido como um dos bruxos mais poderosos do mundo, mas mesmo ele não conseguiria dominar a todos sozinho. Voldemort conta com uma legião de seguidores chamados Comensais da Morte, praticantes das Artes das Trevas que fazem uso das três
Maldições Imperdoáveis para impor a obediência através do medo:
[1] Cruciatus = tortura
[2] Imperius = controla
[3] Avada Kedavra = mata
Eu gosto do jeito que tia Jo dá a entender que privar uma pessoa de seu livre-arbítrio [através da Maldição Imperius] é tão grave quanto matar e torturar. Faz a gente pensar nas ditaduras políticas [que ainda acrescentam as outras duas maldições na conta] e em algumas práticas religiosas...
Tia Jo também não tem os políticos e burocratas em alta conta. São eles que permitem que o mal se alastre quando demoram a tomar atitudes firmes e, quando tomam, geralmente são ações para preservar seu status quo. O ex-Ministro da Magia Cornelius Oswaldo Fudge, por exemplo, é um pusilânime [ou, em português castiço, um bunda-mole] mais preocupado em controlar a escola de Hogwarts, dirigida por Albus Dumbledore, porque sabe que Dumbledore é um bruxo muito mais capaz e teme perder seu cargo. Para isso impõe a vaca da Dolores Umbridge, primeiro como professora e depois como Alta Inquisidora, com poder absoluto sobre as decisões, acima de Dumbledore.
O título de Inquisidora não vem de graça: está mesmo muito relacionado ao movimento da Inquisição religiosa por defender o cânone, o que está escrito no livro oficial. Em vez de caçar supostos praticantes de bruxaria [o que seria meio incongruente num mundo mágico, pois pois?], a vaca da Umbridge caça aqueles que professam idéias diferentes do que o Ministério considera aceitáveis. Infelizmente, ela não teve a sorte de contar com a sabedoria do tio Ben [tio de Peter Parker, o Homem-Aranha] e não aprendeu que "grandes poderes trazem grande responsabilidade". Ela usa a autoridade para praticar crimes de preconceito, abuso e maus-tratos sob a proteção do cargo e sob a falsa aparência de que só deseja o nosso bem, por obedecer a ordem.
A falsidade é a ferramenta que ela mais usa: fala com voz infantilizada, usa roupas cor-de-rosa com direito até a lacinho no cabelo, finge surpresa quando demonstram antipatia por ela e seus métodos...
No Ministério da Magia, depois da queda de Fudge, a vaca da Umbridge voltou a exercer funções burocráticas e voltou a abusar do poder, colocando o olho mágico de Olho-Tonto Moody para espionar o trabalho da sua equipe. De certa forma me lembra algumas empresas que controlam tudo o que seus funcionários fazem, inclusive idas ao banheiro; instalam câmeras de segurança e sistemas de monitoramento como se todo empregado fosse suspeito até que se prove o contrário.
Ela é, de longe, a personagem que eu mais detesto na série - muito, muito mais do que Voldemort, talvez por já ter trabalhado com uma dessas. A falsidade, os métodos e pusilanimidade são os mesmos, e acredito que existam muitas outras na vida real afora. Ou, como disse o Sirius: "o mundo não está dividido entre os bons e os Comensais da Morte". Existem também as vacas das Dolores Umbridge.
Para poste futuro o tema será a liberdade de imprensa.
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Pagando por tantos...
Pobrezito...
Jovem francês é preso por piratear ‘Deathly Hallows’ -
A polícia francesa prendeu e interrogou um adolescente do sul do país pela publicação na internet de uma tradução pirata para o francês do último livro da série Harry Potter, informou uma fonte judicial.
O jovem de 16 anos foi detido na segunda-feira e, depois de passar um dia em prisão provisória sob interrogatório, foi liberado na terça-feira.Na livraria em frente do laboratório a que fui nesta manhã estava um grande cartaz "
Harry Potter and tha Deathly Hallows aqui!". Me deu um tremor mas eu resisti bravamente e entrei no carro...
Potterices
No mês passado, auge da Pottermania, alguns miguxinhos informaram nunca ter lido um filme nem assistido um livro da série - não só nos comentários aqui do blogue mas também do lado de cá do monitor.
Eu não vou me aprofundar muito, esmiuçar os detalhes, caus que, de qualquer forma, tia Jo [J. K. Rowling, a autora] pretende lançar uma enciclopédia no futuro. Vou só comentar algumas coisiquinhas de acordo com o que for lembrando e com o meu ponto de vista, numa série de postes que poderão conter spoilers [ou não]. Neste caso serão duas versões: a editada no PdUBT e a completa na Cozinha. Começando do começo...
O que a maioria sabe é que Harry Potter é o mocinho e Lord Voldemort é o bandido, até aí morreu Neves. Existem alguns tipos de pessoas neste mundo:
. trouxas [Muggles]: pessoas sem poderes mágicos. Ex.: os tios e o primo de Harry Potter, os Dursley;
. bruxos nascidos em família trouxa [Muggleborns]. Ex.: Hermione e Lilly Evans Potter, a mãe de Harry. Alguns bruxos preconceituosos usam um termo pejorativo [MudBlood ou Sangue-Ruim];
. bruxos mestiços [Half-Blood], um dos pais é bruxo e o outro é trouxa. Ex.: Dean Thomas e Seamus Finnigan. Hagrid é meio gigante, meio bruxo.
. bruxos sangue-puro, nascidos em família bruxa. Ex.: os Weasley, os Black, os Malfoy;
. abortos [Squib], o oposto de Muggleborns, pessoas sem poderes mágicos nascidor em família bruxa. Ex.: Filch e a tiazinha dos gatos que eu nunca lembro o nome.
O que torna Lord Voldemort vilão é o seu desprezo pelo que ele considera seus inferiores, qualquer um que não seja bruxo de sangue puro. Bruxos de sangue puro que não tenham os mesmos preconceitos que ele também são considerados inimigos da raça; Arthur Weasley adora trouxas, ele se encanta com as coisas que a gente inventa para viver sem mágica. Voldemort persegue e mata trouxas, Muggleborns e o que ele chama de traidores da raça, torturando-os.
Olhando assim, a associação com Hitler vem de primeira, claro. O ódio racial, ódio contra quem era diferente [homossexuais, deficientes], a perseguição, encarceramento, tortura e assassinato, arregimentação de pessoas que compartilhavam deste ódio, a cooptação de pessoas que *não* compartilhavam, por meio de chantagem e ameaça, tudo leva ao nazismo. Cá pra mim tem outras associações muito mais próximas e atuais também... À primeira vista parece coisa-pouca, insignficante, mas a base é a mesma: a intolerância.
Uma historinha pra ilustrar: meus quatro avós são imigrantes, meus pais e tios são da primeira geração nascida no Brasil. São seis do lado materno e oito do lado parterno. Três do lado materno são casados com não-descendentes ["gaijins", que não deixa de ser um termo pejorativo também]; o primeiro enfrentou uma certa resistência, mas passou. Do lado paterno nenhum. Mesmo os primos mais velhos casaram com descendentes; só a partir mais ou menos da geração dos 30 anos e pouquinho pra baixo que os casamentos mistos começaram a acontecer.
Outro grupo de famílias, italiano, tem o costume de casarem entre primos para manter a pureza do sangue. Alguns ramos já apresentam sintomas de "Gaunt", ancestrais de Voldemort. Outros só se casam com pessoas da mesma religião, ou porque já é uma tradição arraigada e o cidadão nem pensa mais nos motivos ou porque a religião exige, força mesmo.
E, por falar em religião, o que dizer quando uma delas auto-proclama-se a única verdadeira ou usa de todos os artifícios para te converter ou persegue, encarcera, tortura, ameaça, mata os infiéis? Intolerância, pra mim.
A grande ironia é que Voldemort não nutre apenas um preconceito racial: o fato de sua mãe, uma bruxa sangue puro, descendente de um dos fundadores da escola de Hogwarts, ser fraca a ponto de ter que enfeitiçar o trouxa por quem estava apaixonada, engravidar e ser abandonada, morrendo de inanição quando ele nasceu, deve ter motivado o medo da morte e a intolerância contra os trouxas e tudo o que se relaciona a eles. De uma forma tortuosa, a associação com a
biografia de Hitler volta a fazer sentido: segundo alguns historiadores, foi a partir da morte da mãe que Hitler passou a perseguir os judeus.
Harry Potter parece uma série infantil sobre os encantos de um mundo desconhecido e mágico, mas isso é só a superfície. Tem muito mais do mundo real e imediato nos livros, inclusive do mundo corporativo.
Para poste futuro o assunto será a vaca da Dolores Umbridge.
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